quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Guiar

Eu aprendi a dirigir com meu queridíssimo instrutor Jesus.

Minha casa ficava em uma rampa muito íngreme, então vira e mexe eu chamava:

"Jesus!"

Ora para o que estava ao meu lado, ora para aquele lá de cima mesmo.

Durante esses quase 14 anos de carta, e um pouco antes disso porque em cidade do interior a molecada dirige antes dos 18 mesmo, acumulei uma grande quantidade de ensinamentos, coisas que martelam até hoje em minha cabeça enquanto dirijo.

Os ex-namorados implicavam, cada um com sua célebre frase:

"Quem para carro é freio, não é buzina", "Não se breca em curva".

Os amigos Giuliano, Giose e Adriana, menos politicamente corretos, mandam até hoje a já consagrada dica para quando o sinal está amarelo:

"Vermelho é pra touro!".

O tal Jesus do andar de baixo dizia algo como "quem controla o carro é a embreagem". Por isso, veja que, muito embora eu seja uma boa motorista, sou daquelas que não tiram o pé da embreagem pra quase nada.

A Marília, a caminho da gloriosa Garopaba, em um trecho de quase 500 Km, lembrava sempre que "para ultrapassar tem que diminuir a marcha". Talvez ela nem saiba, mas a Raquel ajudou a dirigir com estilo, elegantemente.

E eu lembrei de toda essa coletânea porque estava a caminho do trabalho quando pensei que até hoje, em pleno ano de 2013, ainda tem gente que dirige sem sequer olhar para os retrovisores.

Meu pai, desde que eu era muito criança, me explicava o porquê de estar atento ao espelho central e aos retrovisores laterais. Nós viajávamos muito e minha mãe e minha irmã dormiam durante toda a viagem. Eu ficava conversando com ele, no vão do meio dos dois bancos da frente, algo totalmente impraticável hoje em dia. Mas que maravilha eram os anos 80, não? Naquele tempo talvez ele nem estivesse usando cinto de segurança! A única 'fiscalização' que me lembro de existir eram uns postos para colar uns 'vale pedágio', algo assim. Ele também ensinou que: em usando a luz alta, há que diminuir quando vem alguém na pista do sentido contrário; não se ultrapassa caminhão em descida.

Enfim. Eis que no mesmo dia dos desavisados sobre a existência de retrovisores, relembrei de outro tipo muito em voga atualmente, o grupo das criaturas que desconhecem a 'lei do balão'.

O balão pode ser rotatória, queijo, joelho (?!), círculo, rótula. Em Portugal é rotunda, mas pouco importa. A questão, meus caros, é que a 'lei do balão' é universal. O condutor que está circulando pela rotatória tem a preferência. FIM.

E pra fechar, como diria a sábia amiga Cláudia:

"Gentileza no trânsito só atrapalha. Para o ser (gentil) use as leis de trânsito".

Reflita também sobre isso. Certamente nossas idas e voltas serão mais agradáveis e seguras.

PS: o título do post é em homenagem à Vovó Maritta que até hoje fala que "guiamos automóveis".

PS do PS: alguém sabe por que não se pode buzinar em túneis (fora a questão óbvia da irritação com o barulho há alguma 'científica'?) e por que não se pode andar com pisca alerta ligado (essa placa estava na Imigrantes...)?