terça-feira, 24 de março de 2009

Periquitos e o Google

Eu tenho bloqueios intelectuais. Nem sempre acho assuntos para escrever ou me inspiro o tanto que acredito ser necessário para iniciar um texto.
Porém, com o lançamento deste blog, me peguei pensando em vários temas em que gostaria de me aprofundar...

Sabe que agora a trava começou a funcionar novamente?

Então perguntei ao meu namorado sobre o que poderia escrever. Creio que num momento de total espontaneidade, ele respondeu: fale sobre os periquitos.
Sim, sendo que o texto a seguir se dará nada mais, nada menos, que sobre estes pássaros.

O periquito, ao lado dos canários, é uma das espécies de passarinhos que percebemos com mais frequência nas criações do Brasil.

No entanto, a origem de uma das linhagens mais famosas dos periquitos é Australiana, também conhecido como periquito comum.Primo dos papagaios, os periquitos – se conviverem longos períodos com o homem – também são capazes de aprender a falar e reproduzir a fala humana.

As principais cores de suas penas, coincidências ou não, são as mesmas cores que representam estes dois países, Brasil e a Austrália: verde, amarelo e tons de azul.

Claro e evidente que não mais consigo escrever sobre esta pequena ave, de apenas 18 cm de envergadura, em média. Muito menos gostaria de gravar aqui que os periquitos australianos, se em cativeiro, podem chegar até aos 12 anos de vida.

Isto porque, metade do que temos registrado acima foi resgatado da vasta intelectualidade da web: o Google.

Eis que me pergunto: seria esta inovadora e revolucionária ferramenta uma das atuais seqüestradoras de nossa inteligência nata? Ao passo que nos possibilita o contato com o conhecimento (em proporções, alcance e rapidez antes inimagináveis) as ferramentas de busca acabam por facilitar o acesso à informação de forma que alguns processos de pesquisa, como triagem e verificação dos dados, sejam automaticamente ignorados.

Não somente, mas principalmente, hoje em dia a maioria das buscas impossibilita que nosso raciocínio se aprofunde, transformando por muitas vezes um trabalho, e porque não falar em opinião, em algo raso, sem valor ou identidade com nosso intelecto.
Mensurar a importância e os reflexos deste em nossa sociedade merece uma tese, não somente um post.

Se vale a informação, para escrever este post de mais ou menos 400 palavras, acessei o Google por 8 vezes. Sendo que, a informação que eu mais desejava para terminar este texto, não encontrei: a revista Info fez no ano passado uma pesquisa com alguns profissionais.

Algo como “Fizemos o teste: 5 dias sem usar o Google”.
Veja que a pesquisa sobre o próprio Google eu não encontrei no Google...rs.
Quer fazer o teste? Me conte depois...poderá ser um dado importante para minha tese.
(Será que devo “jogar no Google” para pesquisar se alguém já escreveu uma dissertação sobre este tema???)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Eu já pensei em mais ou menos umas mil maneiras de começar este
texto. E como nada me parece adequado o suficiente eu resolvi que
pouco importa o começo. O que realmente interessa é o conteúdo.
Em um dia comum, em uma também comum conversa de amigas, nos
questionamos sobre “o grande amor”. A verdade é que em algum outro
dia comum, alguém que precisava desabafar sobre a vida também
conversou sobre isso com seus amigos e decidiu: amor, amor de verdade
mesmo, a gente só tem um.

E foi assim que a discussão começou. Os exemplos são realmente muitos:
Romeu e Julieta, O Fantasma da Ópera e sua amada Christine, A Bela e
a Fera, além de todos os príncipes e princesas dos contos de fada.
A partir daí todos os prováveis e esperados comentários: estas são
apenas histórias, na vida real é diferente; e se a sua outra metade estiver
na China? ; no mundo atual, com a globalização e a liberdade, é
impossível que se pense assim; o amor aparece de diferentes formas; não
existe mais amor como antigamente; etc.

E, apesar de aparentemente patético, este questionamento tem uma
importância, digamos que quase social. Este pensamento dirige o tema
então para outras questões: seria o ser humano contemporâneo incapaz
de amar? Afinal, o panorama atual não deixa muitas opções: seja pelo
numero de separações ou pelos casos de infidelidade, desrespeito e
comodismo, a única verdade aparente é esta. É quase impossível pensar
em um amor verdadeiro nos dias de hoje.

Pois bem, mas qual é mesmo a importância deste assunto?
Evidentemente nenhuma, se olharmos friamente. Pouco importa, mesmo
porque “tudo passa”. Sem dúvida que sim. Tudo passa, tudo muda e
tudo se transforma.

Porém, se pensarmos pelo simples ângulo que nossos sonhos, objetivos e
ideais podem também estar sendo transformados por uma sociedade
vazia, parece que a coisa muda de figura.

Desde a teoria mais barata a mais conceituada, observa-se que são dois
os elementos básicos para a manutenção da raça humana. São eles:
sua raiz/o antigo (tradição, história, etc.) e o novo (tecnologia,
informação, atualização).

Questões geopolíticas como as disputas por território são um bom
exemplo. Mesmo equipados com os mais modernos equipamentos,
palestinos e israelenses brigam pela “terra sagrada”, prometida e
abençoada segundo suas crenças. A ambiguidade é a mesma em
tantos outros cenários planeta afora que nem é preciso citar.

Paralelo a isso, a frase (talvez a mais banalizada em todo o mundo) e o
desejo de todos os seres vivos permanece o mesmo: a paz mundial. E,
segundo os mandamentos cristãos, este também era o maior desejo do
criador, basta “Amar ao próximo”.

É então que voltamos ao primeiro questionamento, aquele mesmo,
quase que banal: o grande amor.

Idealistas e rebeldes, também opostos em seus princípios, dividem esta
mesma disparidade. E toda a humanidade não cansa de dissipar seus
pensamentos sobre o amor.

São músicas, livros, teorias, histórias e mais histórias sobre o amor. “Como
conquistar o amor”, “veja se o seu signo combina com o do seu amado”,
etc. Para os certinhos dos Beatles, All you need is love. Para os metaleiros
do Metallica, Nothing Else Metters. Nos cinemas até um ogro se
apaixonou pela princesa.

Fragmentos da sociedade como os listados acima somente comprovam
que todos, sem exceção, projetam sua vida baseados em um desejo
comum: amar e ser amado. Pode demorar, pode a adolescência passar,
mas quando a maturidade chegar, lá estão homens e mulheres a
procura do “par perfeito”.

Filha de pais separados, cheguei a não acreditar mais no amor. Não
neste de verdade. Dizem por aí que passam por nossa vida pessoas
especiais e que, não necessariamente, isto é amor. Ainda: o verdadeiro
sentimento está sim perdido, diante de tanta “oferta”. Diante disto fica
difícil diferenciar o que é real daquele que é falso, passageiro.

Daí que comecei a pensar que, se esta era a situação, não havia muito
que fazer. O melhor e mais correto a ser feito era viver, digamos assim,
sem muitos ideais e sonhos. Ocorre que isto é impossível.

Em “Lexus e a Oliveira” o autor Thomas Friedman fala sobre nossa busca
pela preservação das tradições, valores e raízes, mesmo diante de outra
ambição, a vontade de crescer, conquistar novos espaços e manter-nos
atualizados.

Inspirada nesta obra decidi avaliar melhor quais eram os meus conceitos.
E foi quando descobri que, para mim, é realmente improvável ser feliz por
completo sem a ideia de um grande amor. Esta foi a base da minha
criação, da minha infância e da minha vida desde o início.
Vale lembrar que verdades absolutas não existem, tanto que meu
exemplo de amor ideal não teve seu “final feliz”. Contudo, prefiro
acreditar que “casos isolados” podem acontecer e que o amor
verdadeiro existe sim. Como em qualquer área da vida precisa de muito
cuidado, atenção, dedicação, mas existe. Ainda restam alguns Romeus
e Julietas para comprovar.

E quanto a ser um, dois ou mais amores, creio que é mesmo com apenas
um deles que existe o real desejo de “para sempre”.

Contrariando o que disse na mesa do bar, nem sempre nosso grande
amor é o primeiro. Grande amor mesmo é aquele que a gente escolhe
pra ser o único, eterno.

quinta-feira, 5 de março de 2009

O indo e vindo infinito

Hoje, ao receber a notícia que o meu primeiro namorado (meu primeiro amor, pra ser sincera) vai ser pai, parei.
Parei porque não entendia qual era a parte dessa história toda da vida que eu havia “perdido”. Qual foi o exato momento, quando e onde, tudo resolveu mudar, mexer com todos os nossos paradigmas e aproximar esta fatídica verdade, antes tão ilusória e utópica.
Cresci. Sim, cresceram os números de Carnavais, viagens de fim de ano, personagens, histórias, aniversários. Sim, passamos por transições importantes como a entrada na Universidade, a formatura e até por muitos casamentos. Contudo, por que será então que somente quando há um anúncio de paternidade/maternidade é que paramos pra pensar que “sim, crescemos”?
Durante nossa fase de crescimento (Veja que a expressão já denota um período. Por que será – novamente – que não acostumamos com esta idéia desde o tempo da escola?), vivemos e experimentamos diversas sensações. A amizade de infância, os primeiros prazeres, a paixão, a ira, a revolta, a dor...
Algumas histórias, de tão fortes e intensas, simplesmente viram lendas. O jogo de vôlei com rede improvisada no quintal da Vovó Maria; as apresentações de teatro e coreografias de Xuxa (e posteriormente Madonna!); as balas Chita; as tardes no clube Araraquarense e a briga das primas pra revezar “quem segura a mochila?”; os bilhetes “apaichonados” dos paqueras da quarta série; a coleção de insetos...
Minha memória sempre me presenteia com bons momentos e lembranças. Recordações boas, em sua maioria.
Foi com uma calça da Zoomp preta e com uma blusa de ursinho (que a Bila tinha igual, compramos no Guarujá juntas!) que eu vivi meu primeiro beijo. Eu era apaixonada pelo Rafa. Ele passava pelo corredor, jogava seu cabelo pra trás, ahhh, era o máximo!
Depois de muitas danças da vassoura, muitas trocas de beijo por micro system (Raquel trocava um beijo meu com seu irmão pelo rádio, pasmem), IRCs e ICQs da vida, ‘brincadeiras’ de turma de prédio, festas de peão e micaretas, declarações de amor, términos, voltas, brigas, ufa! De fato, há que haver um momento de amadurecimento em tudo isso.
Então a parte com a qual sonhamos da vida, passou. Somos profissionais bem sucedidos ou tentamos sê-lo; viajamos por lugares com os quais sonhamos; dirigimos um carro repleto de amigos descendo a serra; temos certa ou total independência financeira e, inclusive, já construímos algumas dívidas; já passou o mestrado e a pós...
Eis que a pergunta “O que eu quero ser quando crescer?” paira por alguns momentos. É quando temos que optar por uma mudança de emprego, por um aceite de algo que envolva o tal “crescer”.
Uma proposta de casamento, de vida a dois. E, seguindo o que aprendemos desde sempre, na sequência, vem um filho. Mas no sonho, no sonho mesmo, pára por aí.
Apesar de sonharmos em “envelhecer juntinho”, ninguém, NINGUÉM sonha com a troca de fraldas, com o dinheiro da poupança, com a aposentadoria. Estes são planos que fazemos quando tudo já está definido (que me permitam os lunáticos da organização e do planejamento, mas as pessoas comuns “dançam conforme a música”).
Pois, se pára por aí, é normal que nos espantemos com o absurdo do desconhecido. Dúvidas como “fiz a escolha certa?”, “era isso mesmo que eu queria pra minha vida?”, “e se eu me arrepender mais tarde?”, chegam e atormentam os pensamentos dos... (Pausa. O cursor já apagou dezenas de supostos adjetivos que escrevi para definir esta fase. Trintões? Não, nem pensar, tenho 27. Jovens? Não, se o tema é crescimento, ô palavra mais insensata; Adultos? Não, simplesmente não posso aceitar ainda; Nada? Sim, por enquanto e talvez até o final deste texto (ou deste ano, risos) será designado como NADA aquele que não tem definido seu papel comportamental nesta sociedade).
Eu, como NADA que sou, trabalho muito para conseguir conquistar algumas das pecinhas citadas acima. Sonhos são diversos e singulares, subjetivos. Mas muitos dos NADA têm lá as suas afinidades. Todos querem ser felizes. Mas, como diria Vinicius de Moraes “Melhor viver do que ser feliz”. Base de raciocínio boa para evitar que as inevitáveis “pedras no caminho” façam o brilho de nossos ideais se ofuscarem.
Ao ouvir hoje a tal notícia, a do filho do ex-namorado (hoje um irmão, grande amigo), fez pensar – e em questão de segundos – em todas as pecinhas do meu Jogo da Vida. Neste grande ‘War’ que virou a vida dos NADA. Uma montanha-russa sem freio. Um indo e vindo infinito.
E já que a vida vem em ondas como o mar, haveria melhor momento que o Verão para descobrir que, depois de um grandioso e maravilhoso sonho, vem chegando a vida, aquela que não conhecemos, aquela que é de verdade?
Camila A.L. de Angeli