segunda-feira, 9 de março de 2009

Eu já pensei em mais ou menos umas mil maneiras de começar este
texto. E como nada me parece adequado o suficiente eu resolvi que
pouco importa o começo. O que realmente interessa é o conteúdo.
Em um dia comum, em uma também comum conversa de amigas, nos
questionamos sobre “o grande amor”. A verdade é que em algum outro
dia comum, alguém que precisava desabafar sobre a vida também
conversou sobre isso com seus amigos e decidiu: amor, amor de verdade
mesmo, a gente só tem um.

E foi assim que a discussão começou. Os exemplos são realmente muitos:
Romeu e Julieta, O Fantasma da Ópera e sua amada Christine, A Bela e
a Fera, além de todos os príncipes e princesas dos contos de fada.
A partir daí todos os prováveis e esperados comentários: estas são
apenas histórias, na vida real é diferente; e se a sua outra metade estiver
na China? ; no mundo atual, com a globalização e a liberdade, é
impossível que se pense assim; o amor aparece de diferentes formas; não
existe mais amor como antigamente; etc.

E, apesar de aparentemente patético, este questionamento tem uma
importância, digamos que quase social. Este pensamento dirige o tema
então para outras questões: seria o ser humano contemporâneo incapaz
de amar? Afinal, o panorama atual não deixa muitas opções: seja pelo
numero de separações ou pelos casos de infidelidade, desrespeito e
comodismo, a única verdade aparente é esta. É quase impossível pensar
em um amor verdadeiro nos dias de hoje.

Pois bem, mas qual é mesmo a importância deste assunto?
Evidentemente nenhuma, se olharmos friamente. Pouco importa, mesmo
porque “tudo passa”. Sem dúvida que sim. Tudo passa, tudo muda e
tudo se transforma.

Porém, se pensarmos pelo simples ângulo que nossos sonhos, objetivos e
ideais podem também estar sendo transformados por uma sociedade
vazia, parece que a coisa muda de figura.

Desde a teoria mais barata a mais conceituada, observa-se que são dois
os elementos básicos para a manutenção da raça humana. São eles:
sua raiz/o antigo (tradição, história, etc.) e o novo (tecnologia,
informação, atualização).

Questões geopolíticas como as disputas por território são um bom
exemplo. Mesmo equipados com os mais modernos equipamentos,
palestinos e israelenses brigam pela “terra sagrada”, prometida e
abençoada segundo suas crenças. A ambiguidade é a mesma em
tantos outros cenários planeta afora que nem é preciso citar.

Paralelo a isso, a frase (talvez a mais banalizada em todo o mundo) e o
desejo de todos os seres vivos permanece o mesmo: a paz mundial. E,
segundo os mandamentos cristãos, este também era o maior desejo do
criador, basta “Amar ao próximo”.

É então que voltamos ao primeiro questionamento, aquele mesmo,
quase que banal: o grande amor.

Idealistas e rebeldes, também opostos em seus princípios, dividem esta
mesma disparidade. E toda a humanidade não cansa de dissipar seus
pensamentos sobre o amor.

São músicas, livros, teorias, histórias e mais histórias sobre o amor. “Como
conquistar o amor”, “veja se o seu signo combina com o do seu amado”,
etc. Para os certinhos dos Beatles, All you need is love. Para os metaleiros
do Metallica, Nothing Else Metters. Nos cinemas até um ogro se
apaixonou pela princesa.

Fragmentos da sociedade como os listados acima somente comprovam
que todos, sem exceção, projetam sua vida baseados em um desejo
comum: amar e ser amado. Pode demorar, pode a adolescência passar,
mas quando a maturidade chegar, lá estão homens e mulheres a
procura do “par perfeito”.

Filha de pais separados, cheguei a não acreditar mais no amor. Não
neste de verdade. Dizem por aí que passam por nossa vida pessoas
especiais e que, não necessariamente, isto é amor. Ainda: o verdadeiro
sentimento está sim perdido, diante de tanta “oferta”. Diante disto fica
difícil diferenciar o que é real daquele que é falso, passageiro.

Daí que comecei a pensar que, se esta era a situação, não havia muito
que fazer. O melhor e mais correto a ser feito era viver, digamos assim,
sem muitos ideais e sonhos. Ocorre que isto é impossível.

Em “Lexus e a Oliveira” o autor Thomas Friedman fala sobre nossa busca
pela preservação das tradições, valores e raízes, mesmo diante de outra
ambição, a vontade de crescer, conquistar novos espaços e manter-nos
atualizados.

Inspirada nesta obra decidi avaliar melhor quais eram os meus conceitos.
E foi quando descobri que, para mim, é realmente improvável ser feliz por
completo sem a ideia de um grande amor. Esta foi a base da minha
criação, da minha infância e da minha vida desde o início.
Vale lembrar que verdades absolutas não existem, tanto que meu
exemplo de amor ideal não teve seu “final feliz”. Contudo, prefiro
acreditar que “casos isolados” podem acontecer e que o amor
verdadeiro existe sim. Como em qualquer área da vida precisa de muito
cuidado, atenção, dedicação, mas existe. Ainda restam alguns Romeus
e Julietas para comprovar.

E quanto a ser um, dois ou mais amores, creio que é mesmo com apenas
um deles que existe o real desejo de “para sempre”.

Contrariando o que disse na mesa do bar, nem sempre nosso grande
amor é o primeiro. Grande amor mesmo é aquele que a gente escolhe
pra ser o único, eterno.

2 comentários:

  1. Vc tem um estilo colunista de escrever...saca a última página da Veja, Isto é e afins, que tem umas minas que escrevem colunas? Tipo Maitê Proença, só que mais sério.

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  2. Você tem um excelente estilo de escrita e chamaria isso de "Diário de Bordo", instrumento, liás, que criei na minha Dissertação de Mestrado. eé isso mesmo, a reflexões pessoais das vivências dessa grande viagem: um recorte na vida no momento contemporâneo, registrado para novas e possíveis reconstruções reflexivas.
    Adorei. Lerei o próximo depois.

    LVVL

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